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Mostrando postagens de 2015

Tempestade

Havia uma certa penumbra no céu. O fato da tempestade estar próxima, varria a luz daquela casa e trazia o frio da noite para dentro dos cômodos. O vento assoviava algumas canções sombrias e nesta melodia ela dançava entre os papéis que voavam da mesa, quando a janela se abriu pela força da natureza. Ela não deveria estar ali, precisava voltar para sua casa, sua gente. E ao mesmo tempo que o tempo corria longe demais fazendo com que a urgência do retorno se fizesse cada vez mais clara, havia um temporal se armando lá fora que lhe trazia lembranças de angustias muito antigas. Fechou a janela e olhou o mar. A natureza estava realmente avassaladora naquela tarde. Tentou ser racional e para superar o medo lembrou que o carro estava com o tanque cheio na garagem, que ela sairia dali a favor do vento e em menos de 30 minutos estaria exatamente onde precisava estar. Organizou seus papéis, colocou dentro de uma pasta firme e depois dentro da bolsa. Correu ao banheiro e arrumou o cabelo

Amizade

Li isso em algum lugar que não lembro onde foi e resolvi postar aqui: "...Toda amizade é uma história particular. É uma história de conquista. Primeiro, descobre-se o outro. Todo mundo parece igual, mas não é. é justamente essa coisinha diferente em cada um que torna cada pessoa única. E de repente ali está a sementinha da amizade fecundada... A gestação começa. Não sabemos direito o porquê de nos sentirmos próximos de alguém assim tão longe, tão diferente e tão igual. Mas amizade, como o amor, não se questiona. Vive-se. Dela e para ela. É preciso dar tempo ao tempo para se saber cativar e ser cativado."

Mudanças

Essa coisa toda de mudança é interessante. Tem seus aspectos bastante complexos que implicam muitas vezes em severos ajustes de rotinas. E cá entre nós, humanos brasileiros com todo esse DNA conformado na veia, fica muito dificil aceitar alguns pontos que precisam de ajuste. Como tudo na vida que realmente valha a pena implica em sair da linda e mítica zona de conforto e andar um passo a mais ou, em alguns aspectos, algumas milhas, talvez no final haja um gosto de vitoria quando se modifica alguma coisa que se dizia consumada. Enfim. Mudança para mim nunca foi tabu algum. Desde pequena, mas pequena mesmo (daquele tamanhinho de gente) minha vida foi permeada de mudanças. Algumas alegres, outras severas mas todas elas sempre me deram um friozinho na barriga que sinaliza o novo. Sim...para mim o friozinho na barriga é caracteristica muito forte de novas mudanças e consequentemente quebra de paradigmas. Estes dias eu estava ouvindo um podcast bastante interessante que falava da imp

A historia da minha poesia

Nasci. 10 anos se passaram e fui feliz, aprendi, compreendi . Fiz poesia com meu mundo. 10 anos se passaram e fechei as portas, parei de olhar para fora. Fiz poesia com a minha dor. 10 anos se passaram e escondi os espelhos, quebrei os vidros. Fiz poesia da com minha solidão. 10 anos se passaram e coloquei o luto, chorei a morte. Fiz poesia com as minhas lágrimas. 10 anos se passaram e abri a janela, olhei o colorido do sol. Fiz poesia com a luz. 10 anos se passaram e sai para fora, conheci o mundo. Fiz poesia com as novidades. 10 anos se passaram e fiz amigos e canções, criei vínculos. Fiz poesia com a minha sorte. 10 anos se passaram e fiz lembranças, contei histórias. Fiz poesia com a saudade; 10 anos se passaram e fiquei na memoria. Fiz poesia com a minha vida.

Do aprendizado de ser bom

Então eu estava pensando no sentido de ser bom. Quando eu era criança e vivia com muito mais crenças utópicas do que hoje (isto até a uns 5 anos atrás), pensava que ser bom estava intrinsecamente ligado a agradar o outro, ser bondosa, compreensiva, tolerante num grau quase crístico e sempre ter algo bom e útil para dizer às pessoas ao redor. O resultado de tentar ser "boa" foi aos poucos me trazendo dores que nunca havia tido, pensamentos depressivos, uma imensa dose de auto cobrança por não alcançar os atributos que se deve ter e por fim, fechando com chave de ouro meus longos quase 20 anos de "bondade", uma depressão profunda, crises de pânico indescritíveis e um encontro difícil com meu eu verdadeiro (que não era "bom". Nenhum pouco "bom"). Eu sou, em essência e por herança de clã, uma pessoa impaciente, irritada, muitas vezes brava e que se transforma no capeta ao menor sinal de injustiças contra aqueles que realmente amo. Sou preguiç

Dilemas de Segunda

Os dias de segunda-feira são deprimentes. Não sei se por ter que voltar à realidade que queima a logica tranquila dos finais de semana dormidos e sonhados, sem estranhos invadindo minhas rotinas; sem enfrentamentos desnecessários; sem lutas que nunca levarão a vitória alguma. Hoje, enquanto viajava pensava nisso tudo. Pensava no caos controlado e na necessidade de lutas para continuar a caminhar, a sobreviver. Senti que isto talvez nunca se modifique. Gosto de mim, só de mim e de alguns poucos que transitam nos meus dias. Sei lá... todas as segundas são tristes.

Sobre almas, poetas e artistas

Há dias estou com uma poesia na cabeça. Dessas que a gente cria a partir de alguns olhares sobre a vida. Sempre que volto para casa, depois do trabalho e da academia, eu opto por uma estrada mais calma, com uma paisagem mais tranquila, onde sigo a direita nos meus 80km/h justamente para pensar na vida. Foi num desses pensares solitário no início da noite que me vieram questionamentos sobre mim e minha relação com o mundo num contexto geral: pessoas, lugares, historias e como todos estes aspectos se fundem e me tornam viva. Aí me dei conta de várias coisas de alma e me percebi poeta. Sim, me percebi com alma de poeta, daqueles bem sensíveis e atentos às questões de dentro, que platonizam, observam e não tocam. Apenas veem, interpretam e transbordam no papel suas visões. Me dei conta de que alma de poeta é uma alma que absorve, olha profundamente, estuda, se encanta e se espanta mas não toca. Vive dentro do seu mundo inserindo cada vez mais o mundo dos outros no seu contexto s

De repente...coisificado.

De repente me deu uma tristeza. Talvez uma um pouco mais abrangente do que as tradicionais dos últimos tempos. Uma sensação de vazio. Alguma coisa provocada pelo descaso das pessoas com o próximo, seus sentimentos. A gente não tenta mais consertar o quebrado, corrigir o erro ou voltar e começar tudo de novo. A gente simplesmente deixa de lado e vai buscar algo novo. Como se aquilo que se "quebrou" perdesse o valor, a importância, o sentido no primeiro manifesto que não vise nossos interesses. Sei lá... hoje fiquei triste. Por mim que também sou assim, pelos outros e por aqueles que são atingidos por este tipo de... coisa. Não queremos ser coisas mas tratamos o outro como se fosse descartável. Não queremos ser, mas somos. Coisificados todos os dias e de tanto que isto acontece, aprendemos a coisificar também.

Uma carta holográfica aberta a você

Basta a gente nascer para correr riscos físicos e psicologicos, mas ao longo do tempo crescemos e ficamos fortes.  Aprendemos a nos cuidar mas não ficamos imunes de correr riscos psicologicos e se machucar para valer nessa vida a fora, através de cada pessoa que conhecemos, cada troca afetiva equivocada que muitas vezes, com a maior das boas intenções, vivenciamos e enfim. O resultado disto tudo certamente são grandes muros e grades bem pontudas circundando nosso universo estabilizado que criamos com nossas histórias tristes. Isto é um fato que não se isola. Todas as vezes que a gente se expõe, que deseja, sonha ou mesmo que corra atrás sem saber ao certo o caminho exato, estamos sujeitos a sofrer avarias durante o percurso. Faz parte do nosso crescer enquanto seres humanos, amplia nossa natureza e nos deixa um pouco mais próximos de alguma coisa que eu poderia ousar chamar de divina. Mas a gente não toma jeito: A gente espera demais do outro, sonha demais com o outro e ac

Para lembra do dia em que...

Hoje as cores estão mais vivas O ar esta mais leve E os cheiros... Ah os cheiros mais sutis A vida acordou Apaixonei :)