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Do aprendizado de ser bom



Então eu estava pensando no sentido de ser bom. Quando eu era criança e vivia com muito mais crenças utópicas do que hoje (isto até a uns 5 anos atrás), pensava que ser bom estava intrinsecamente ligado a agradar o outro, ser bondosa, compreensiva, tolerante num grau quase crístico e sempre ter algo bom e útil para dizer às pessoas ao redor.

O resultado de tentar ser "boa" foi aos poucos me trazendo dores que nunca havia tido, pensamentos depressivos, uma imensa dose de auto cobrança por não alcançar os atributos que se deve ter e por fim, fechando com chave de ouro meus longos quase 20 anos de "bondade", uma depressão profunda, crises de pânico indescritíveis e um encontro difícil com meu eu verdadeiro (que não era "bom". Nenhum pouco "bom").

Eu sou, em essência e por herança de clã, uma pessoa impaciente, irritada, muitas vezes brava e que se transforma no capeta ao menor sinal de injustiças contra aqueles que realmente amo. Sou preguiçosa, procrastinadora e dona de uma espirituosidade maldosa que tranquilamente passa perto da crueldade.

Conheci esta EU que também se mostrou intolerante à conversas vazias, sem sentido, daquelas que preenchem o espaço com som mas deixam a mente vazia de sabedoria. Compreendi finalmente que tinha necessidade vital de introspecção para cuidar da planta, dos gatos, aprender alguma coisa nova (que faça meu cérebro trabalhar bastante) ou simplesmente dormir.

Me descobri, para o alto padrão de "bondade" que havia me imposto, uma pessoa tão egoísta e desagradável que jamais poderia me aceitar. Eu era tudo menos "boa".

Mas era o que tínhamos e só haviam 2 alternativas possíveis para lidar com isso: aprender a conviver com a realidade ou morrer antes dos 30 de algum tipo de problema cardíaco ou suicídio.

Graças ao meu aspecto que odeia coisas vazias e adora uma ginastica cerebral, optei por conhecer a Dona Iris de verdade (claro que ajuda especializada de psis foi fundamental) e posso dizer com total verdade que muita coisa mudou.

Comecei a  olhar para mim e ver que eu mesma não era "boa" comigo. Eu era, e ainda sou em vários aspectos, bem tirana e passei a me perguntar, coisas do tipo:

Hey! Você quer? 
Você quer sair naquela balada superlegal com aqueles amigos incríveis sendo que tem um desenho novo e você quer assistir de pijama na sua cama cheia de pelos?
Você quer atravessar a cidade nesta noite de chuva para dar apoio à sua amiga sendo que seu coração está despedaçado porque terminou com seu namorado?
Você gosta mesmo desse tipo de musica, lugar, gente, clima, papo, comida, forma de pensar?
Isto  realmente é bom para você?

Moral da História

Se aceitar, quando suas crenças de vida, comportamento, religião/filosofia são opostas àquilo que se é não é uma viagem dos sonhos.

Chorei muito, briguei comigo, com o sistema e como o mundo; Quis mudar de cidade, de pais e de nome, mas como toda briga cansa, resolvi tentar me ganhar na conversa.

Depois que me aceite, tenho talvez uma meia duzia de amigos que são para a eternidade; desafetos assumidos que não gostam nenhum pouco dessa pessoa aqui e entendi que detestar certas criaturas não me faria execrável.

Minha casa só recebe quem eu gosto; eventos sociais só tem minha presença se me fizerem sorrir com o coração e aceitei com amor aqueles aspectos que eu chamava de defeito.

Também falo menos (e ouço menos também) choro quando me comovo, vou quando tenho vontade e fico se quiser. Doo meu tempo e meus conhecimentos sem esperar gratidão e por prazer. Sempre que posso, durmo muito.

Para minha grata surpresa, nessa viagem. conheci também, uma mulher criativa, delicada, sonhadora, amável e desapegada. Capaz de doa as suas próprias coisas se for para algo que seja importante. Uma cuidadora zelosa que apóia causas que promovem um bem maior e que não tem nenhum melindre em pedir desculpas quando está errada ou mesmo quando não está se gosta da pessoa, só para evitar a distância.

E esse olhar sobre mim mesma, trouxe outra leitura sobre os outros. Agora sou capaz de ter empatia por pessoas que jamais teria antes, aceitando e respeitando o outro e suas diferenças com muito mais verdade.

Entendi finalmente que ser bom é se respeitar, aceitar e entender que erros de percurso fazem parte do caminho, assim como aspectos positivos e negativos fazem parte do ser humano, pois o que chamamos de qualidades e defeitos, são no final das contas, complementos para gerar harmonia.

Um exemplo positivo destas polaridades trabalhando juntas: Só comecei a escrever quando usei minha raiva, braveza ou meus aspectos mais primitivos de defesa, para falar de coisas que acredito, respeito e compartilho.

Enquanto eu era "boa" jamais escreveria coisas que fossem em algum grau polêmicos, pois isto seria indelicado. E talvez nunca poderia ser uma agente de mudanças naquilo que meus textos promovem.

Aprendi que o tempo e o amor por si próprio empoderam e nos fazem bons.

Resumindo: Ser bom é ser, no sentido mais amplo, realista, filosófico e metafórico da palavra, ser.

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