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Sou um absurdo. E como todo bom absurdo já quebrei a sandalia nova que ganhei. Aí fui levar no sapateiro, um tiozinho alegre e gritão que tem na frente do prédio que trabalho. Sei muitas coisas a respeito dele que nem imagina (seu alto volume de voz derivado do escesso de cola dentro do seu organismo não me permite ficar alheia). Que largou a mulher e filhos, que é torcedo do gremio, que tem uma tia que morre de amores por ele e vez ou outra aparece bebada declarando-se para ele. É...esse tiozinho viveu um monte.
E eu, mesmo sabendo disso tudo, resolvi ir até a lojinha, já haviam me dito que ele é um bom sapateiro.
Chego lá, para minha surpresa a primeira coisa que ele diz irreverentemente - Que bom que quebrou, voce já viu dono de funerária não querer que as pessoas morram? - Hahahaha...fiquei surpresa pela alegria do cara, olhou minha sandalinha nova, fez uns calculos e me passou valores e datas de entrega.
Achei engraçado. Reclamou do calor, da pobreza, da faltra de moral. Em menos de cinco minutos que fiquei por lá. Pessoa simples. Adjetivando belamente minha pequena coleção de pessoas. Muito rico esse meu dia. Depois de uma imensa carga de questões modernas mal resolvidas dentro de mim. Topei com essa figura. Um sapateiro me dizendo que um dono de funeraria quer mais é que todo mundo morra. Que bom seria. se somente os donos de funeraria desejassem a nossa morte.
Mas, quando tudo acaba. A gente encontra um mundo cheio de gente querendo eliminar as outras gentes. Pessoas que a gente acha que ama, acha que nos quer bem, acha que tem o melhor conselho, a melhor companhia...Como já disse sabiamente meu queridissimo Neruda "...A gente tem que entrar mais dentro da gente mesmo..." Feliz dia pessoas!

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Estou empolgadíssima: Tõ lotada de trabalho até a próxima encarnação, meu namorado não gostou da idéia de eu me filiar a uma sociedade local que protege animais. Tá. Isso é chato...mas a ideia de fazer o cartão de natal está me motivando...adoro criar...adoro...adoro!!!

Solidão

  Heis que faz eco meu coração. A medida que minha idade avança e já não sou mais aquela de 2003, que contava com a sorte, sonhava com o resgate ideal, o destino perfeito, a vida rotineira. Percebo hoje que de tudo que fui e que sou, resta um sopro de autenticidade e solidão. No final da estrada, quer haja bifurcações ou não para chegar no destino, quem vai sou eu. As bagagens que eu, ingenuamente, carregava hora como um troféu, hora como norte, já ficaram para trás a muito tempo e hoje me restam nas mãos as poeiras do caminho, na pele as marcas da jornada e na mente uma juventude renovada de quem vive uma eternidade, ainda que as pedras e obstáculos do percurso atual, façam tudo parecer tão único, urgente e final. Hoje me encontro no derradeiro desfecho desse percurso onde o destino nada mais é do que uma representação da viagem em busca do Graal. Há um corpo cansado, uma mente anuviada pela quantidade de impressões e percepções nas paisagens vistas em contraposição a uma alma que ans