Hoje é sexta-feira. Ainda bem. Ela traz a promessa de ficar mais dentro de mim mesma, envolvida em meus pensamentos e historias interiores. Entender um pouco mais desse novo universo que me tornei.
Estou com raiva. Raiva de mim. É engraçado estar com raiva pois ontem na dança isso ficou tão emocionalmente transparente. Meus pulos leves, controlados, cuidadosos quase que como o de uma bailarina. Controle. Raiva controlada.
Fico pensando e exercitando dentro de mim essa emoção. Teve um gatilho que sinceramente talvez não seja o motivo real e único dessa revolta toda dentro de mim. É engraçado como a gente é maluco, como já diria meu professor.
Eu tenho raiva. Sei que é de mim. Mas existe um outro que me faz enxergar essa raiva de forma cristalina e por isso não quero vê-lo, nem ter qualquer tipo de contato.
Tenho raiva de mim por ser irritantemente espontânea (para mim); por ter me deixado compartilhar as emoções mais sensíveis destes últimos dias com as pessoas ao redor e em geral; por não enxergar os gaps das comunicações (que eu imagino que existiram) e finalmente, por não ser a perfeição emocional que eu tanto deveria ser (de acordo com a minha visão carrasca e distorcida de mim mesma, sobre perfeição).
Não sei o que fazer com isso. Ter essa percepção talvez não mude e nem ajude em nada em mim. Só no outro que se livrará de uma criaturinha irada e ranzinza.
Hoje o dia vai ser ensolaradamente nublado. Ainda bem que é sexta-feira.