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Fazendo de conta



Ontem eu me calei. Não dividi com ninguém minhas lamurias chatas e desconexas. Entrei para dentro e fiquei comigo mesma entendendo a minha dor e quando aparecia alguém falando alguma coisa eu fazia de conta que era feliz.

Esses dias e as aulas de vedanta estão me fazendo ser muito mais espontânea do que já sou. Resolvi aqui dentro que esse luto seria dividido com os meus mais queridos amigos e familiares, mas talvez esteja pesando a mão e depositando nos meus coisas demais. Não quero ser chata e me sinto chata e descontextualizada da vida. Não quero, hoje estar contida nessa rotina...

Só não quero ser uma overdose de lamentações e chatices e acho q alguns feedbacks menos pacientes me mostraram que talvez estivesse ultrapassando limites. Não fiquei chateada com as "repreensões" pelo contrário. Me fez perceber que há um limite sadio entre dividir e ser invasiva e sinceramente, nunca fui invasiva e não é nesse momento que pretendo começar a ser.

O engraçado disso tudo é que eu nunca fui de dividir nada de dentro de mim e me percebo precisando trocar, falar, chorar e abraçar. Misturar um pouco dessa energia mais densa (nada má, pelo contrário) com a energia afetiva daqueles que realmente me querem bem.

Mas resolvi me conter. Ontem foi mais possível. Não fui treinar pois não estava querendo trocar, talvez me perguntassem alguma coisa sobre a Boolie ou talvez alguma coisa que eu visse, ouvisse ou falasse fosse gatilho para a torneirinha lacrimal abrir novamente sem previsão de fechar.

Ontem não chorei. Fiz coisas sozinha. Comprei as coisas que faltava para o Larp (depois explico o que é) e fiz uma das coisas que mais de deixa leve que é "procurar ofertas e pechinchar". Acho que - na verdade com certeza - fui uma turca comerciante em outra vida pois adoro sair as compras inventando preços, fazendo ofertas e comprando coisas adaptáveis.

O resultado foi bom. Finalizei a manhã com um almoço quentinho de afetos num restaurante bem querido. Nos últimos dias nunca foi tão importante a qualidade energética da comida que estou ingerindo. Ainda bem que sempre tem os restaurantes veganos que tem claramente um cuidado e amor muito maior na hora do preparo do alimento e isso tem me ajudado a comer de boas .

Cheguei em casa e assisti desenho, comi bolo vegano de cacau e costurei minha túnica e experimentei a primeira parte da fantasia de Larp. Vou ser uma viking legal.

Decidi ir acampar e não voltar para casa para dormir, visto que ultimamente está meio difícil estar em casa feliz. Meu lar, por enquanto é laboratório que transmuta fortes sentimentos e emoções.

Me conectei com minhas gatas. Estava emocionalmente distante delas por conta de toda essa perda e elas ficaram felizes.

Acredito que aos poucos a vida volte a ser colorida e quentinha. E nessa pegada divina de dor e aprendizado, mais uma vez está ele ali, simpático e promissor me chamando para conversar: o amor.

Ainda não estou genuinamente preparada para ouvi-lo mas sei que está ali aguardando meu momento para me explicar algumas coisas dessas que sinto e reflito.

E hoje, por conta de tudo que está assentando dentro de mim (ainda que falte um mundo inteiro para se organizar), entendo a generosidade dos deuses por me permitirem ter tempo e lucidez para processar essa perda de forma afetiva e generosa comigo mesma.

Boolie Boolie foi uma escola (como tudo na vida o é) e eu ainda estou e vou aprender coisas com ela acerca dos meus sentimentos.

Hoje eu choro, me abro e preciso do outro para me ajudar a seguir. Entendo que o outro tem um limite de disponibilidade para me atender e aceito com amor pois eu amo esse outro e me vejo nele.

Hoje é dia de limpeza aqui em casa. Lavar roupas, sacada, louça, corpo e alma. Daqui a pouco a Adriana chega para me ajudar nessa empreitada. Preciso de luz nos cômodos para transmutar todas as energias em paz e plenitude.

Sou uma bruxa aquariana do ar. Minhas energias estão despertas e preciso cuida-las pois é um presente que aguardei por praticamente 2 décadas e quase desisti de esperar.

Hoje é dia de tentar começar de verdade a viver a nova vida. A partir deste ponto eu não tenho mais idéia do que ira acontecer. Como disse um dia, num livro lindo e num filme adorável, Samwise Gamgee "Se eu der mais um passo, será o mais distante de casa que jamais vim."

Ok, vamos dar o passo e ver o que a impermanência nos destina.

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