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Enjoo


Sabe daqueles dias que começam bem, mas que ao decorrer das horas o corpo começa a dar sinais de cansaço (ou de alguma coisa que não saberia dizer o que é) e você se vê num mal estar fisico e mental.

Tive enjoo, colica e pensamentos inseguros e ruins sobre mim, sobre os outros e principalmente sobre minha relação com eles.

Na volta para a casa, contando os minutos e parecia que tudo ia mais devagar, eu me lembrei da ultima vez, a uns bons 15 anos, que morei na minha cidade natal.

Me lembrei que era uma menina sem muitos sonhos ou propósitos, saindo da faculdade e se recuperando quase que milagrosamente de um problema na perna (que até hoje é difícil entender o que realmente ocorreu) que me deixou de cama, sem andar, por alguns meses,

Lembro que eu só tinha no coração a certeza de que eu era grata. Sei lá pelo quê, para quem e por quê mas eu era. Não tinha grandes ambições a não ser me recuperar em definitivo e arrumar um emprego.

Lá eu passei fome. Sim, cheguei a ficar vários dias com apenas uma refeição. Vários, dias intermináveis em que eu religiosamente acordava cedo e percorria quilômetros até o posto de empregos em busca de uma vaga.

Naquela época eu estava sozinha no sentido mais integral da palavra. Era o começo do que eu chamo hoje de jornada de cura interior. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo e cada vez que eu roubava um rolo de papel higiênico do SESC ou o sabonete liquido da pia para tomar banho, eu só sabia que tinha que sobreviver.

Era estranho. Havia uma força que se projetada de mim para o mundo que me fazia andar mesmo com a perna ainda em reconstrução, fraca por conta das refeições... Teve épocas que achei q acabaria na rua ou em alguma casa de prostituição. Essa segunda opção me foi oferecida mas acho que eu era tão ingenua que preferi seguir na minha luta pessoal.

Aliás, naquela época acho que a minha falta de malícia na vida me salvou de muitas coisas. Eu estava sozinha e as pessoas que eu confiava acabaram por fazendo opções de vida que não me cabia. Teve muito tempo que tive raiva e mágoa com alguns amigos que se mostraram pessoas ruins que me tiraram o pouco que tinha numa época que precisava tanto... deles e dos parcos recursos e confortos que tinha.

Hoje olhando para trás vejo que foram grandes mestres que me ajudaram a aprender a lutar. Naquela época eu comecei a aprender o significado de sobreviver. Sobrevivi.

Mas algumas sequelas acabam ficando e a medida que o tempo passa, criamos algumas defesas. Eu criei defesas. Não me apego, amo muito poucas pessoas, meu limite de tolerância com a intimidade é muito curto e não trago para dentro da minha vida ninguém que possa, de alguma forma, tirar meus parcos recursos.

Aprendi a viver bem. Dentro daquilo que posso e tolero. Amo infinitamente alguns escolhidos e procuro dia a dia ser uma boa versão de mim mesma.

Acho que era isso que eu precisava vomitar. Pois a sensação que tive no final do dia foi muito próxima da ausência que tive naquela época. Um pouco mais cansada pois meu olhar se tornou mais duro.

Acho que nesses últimos tempos tenho tolerado e intolerado demais e precisava botar para fora, vomitar, liberar. Para entender um pouco do que eu sou e como eu hajo. Ainda me percebo não querendo o mal das pessoas mas também não querendo muitas deles dentro dos meus delicados e poéticos limites de intimidade.

Eu não sei como agir e como receber dentro desses cômodos tão aconchegantemente reclusos. Acho que ainda não quero muito transito neles, embora sejam grandes, alegres e convidativos.

Não sei nem convidar e nem receber. Tenho duvidas se quero aprender. Mas vou descobrir.

Ficou confuso o texto. É vomito. Faz parte da mobilia dos cômodos escondidos dentro de mim.


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