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Uma vez um árabe não foi com a minha cara. Eu realmente não entendi muuuito bem o motivo pois na época, geralmente, antes de eu sair da faculdade (que fique claro), eu era simpática para uma quantidade grande de pessoas de diversas nacionalidades inclusive armênios, alemães e coreanos...mas enfim ele, o árabe da mesquita, não foi com minha cara nas 2 primeiras vezes que fui orar na mesquita.

Não contente, acredito mais que por questões de bairrismos e solidariedade masculina, o sheik amigo dele também não me gostou, e não tô querendo dizer de gostar para me levar para o harém dele...nada disso..tô falando da coisa toda da simpatia e empatia com a pessoa turista...mas enfim...super unidos não poupavam esforços para me deixar desconfortável e eu, meio anta, achava que fazia parte do jeitão deles...

Ainda hoje este ocorrido me intriga...E olha, nem fui eu quem matou a barata que resolveu comungar do alcorão conosco, certa ocasião (obviamente foi uma brasileira daquelas beeeeem brasileiras) na época eu passava tranquilamente por uma mina árabe (embora com mini nariz), grega, portuguesa e italiana (não me perguntem como)...quase ninguém me achava brasileiríssima. Por isso eu entendo menos ainda...se eu nem parecia turista de acordo com alguns locais pq eles não gostaram de mim?

Bom enfim...cheguei a ir até a mesquita algumas vezes, talvez não tenha fechado um mês por conta da clara indisposição do árabe e seu mano sheike em me "agregar"(gente...sheik num tem esse glamour todo da TV não...pelo menos aquele lá não...era obviamente rico e sheik...mas uma coisa bem diferente do que hollywood quer passar...fiquem certos). Mas a história culminou de forma engraçada. Numa manhã, um casal de japoneses muçulmanos que eu eventualmente conversava meu rídiculo árabe made in china e em um dos papos falavamos de musica, por conta disto acabamos trocando informações sobre nossas formações musicais.

Na época eu estava ainda cantando (é...hj eu dublo meu pensamento) pois era muito recente o término dos meus estudos em canto lirico e enfim...me convidaram para vestir uma daquelas roupas árabes de menina solteira e cantar uma canção em uma determinada cerimonia.

Não preciso dizer que dei pulinhos mentais de alegria e curiosidade e aceitei na hora. E lá vai dona Iris ensaiar uma musica religiosa adequada para a ocasião.

Musica ensaida, roupa devidamente preparada e jóias e maquiagens devidamente ambientalisadas lá vamos nós, no carro dos japas mulçumanos, até a igreja/mesquita/seilá, fazer as apresentações.

Porém houve um problema de comunicação sério dentro desta empreitada: os meus colegas japas não haviam avisado o sheik e seu colega. Quando descobriram, a praticamente minutos antes e eu me apresentar, me baniram claramente, incluindo a apresentação, do clã.

Resultado da historia: uma tiazinha arábe ( que para mim parecia mais cigana mas enfim...) cantou um canto lindo e eu fiquei quietinha assistindo e ouvindo com toda a indumentária arabe e depois, milhares de pedidos de desculpas dos coleguinhas desavisados que me fizeram o convite.

Bom...logo depois fui embora, nunca mais fui a uma mesquita  e meu mini-árabe está totalmente erradicado da minha mente inquieta. Lamento não ter tirado fotos com a menina síria super legal que me ajudou a montar a árabe perdida dentro de mim e infelizmente, mais uma das minhas insólitas aventuras permanecem no âmbito da minha cachola.

Por quê estou contando esta história? Porque ela tem uma lição que fala muito alto sobre  tipos de temperamentos. Por mais que vc tente ser a mais inserida nos contextos ainda vai ter um tipo de sangue mais quente (ou menos quente) que o seu para não curtir seus atos e te banir automaticamente de seu clã sem você ter feito absolutamente nada contra a criatura...é a parada do santo não batendo no decorrer do percurso...

Quando isto acontece te falo que se descabelar não rola...chorar muito menos pq não resolve e as vezes a idéia besta de chegar na pessoa e perguntar "qualé que é" é realmente muito besta e merece ser deletada da lista de possibilidades de aceitação.

Toca o barco pois isto é uma coisa que vai acontecer mais dia menos dia, ainda que sejamos a diplomacia ambulante...afinal...todo mundo no mundo todo é muito particular e não há possibilidades de mudar esta verdade... e se a gente pensar nem precisa sair da nossa rua para testar esta realidade.

Por mais revolta que possa haver dentro do coração vamos permanecer educados, sorrir gentilmente e aceitar o não pertencer...se não rolar paciencia para sorrir, caia fora. Até porque a gente nunca sabe que tipo reação completamente diferente pode acontecer. Aceitar o não pertencer é complicadíssimo mas vale tentar...seilá...vale a pena desencanar.

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