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Ai eu fiquei pensando...eu poderia ter me apaixonado pelo sobrinho da minha vizinha a quase 20 anos atras, ou talvez por um coleguinha da escola a quase 20 anos atras e me casado como aconteceu com quase todas as minhas colegas da escola. eu poderia estar a mais de 20 anos na mesma cidade, no mesmo bairro e encontrar as mesmas pessoas todos os dias...e estas pessoas conheceriam a minha historia e muitas delas estariam comigo durante varios ritos de passagem. Minhas festas seriam grandes e intensas e os presentes seriam exatamente a minha cara.

Eu viveria em um estado de total conforto onde o desconhecido não seria um amigo fiel e as surpresas não teriam proporções maiores do que a realidade menor. Talvez desta forma eu vivesse mais, teria mais historias comuns para contar a todos e talvez até fosse feliz e soubesse amar. Talvez eu até perdoasse mais e teria dentro do meu coração menos mágoas, menos saudades e menos aventuras. Talvez minha medida de sabedoria fosse menor mas suficiente para me dar bons conselhos e me proporcionar dias tanquilos, bons e fáceis de viver.

Possivelmente eu gostaria menos de ficar em casa e teria menos vontade de ser alguma coisa menos abstrata. Estaria cercada por várias coincidencias e certamente não precisaria ficar procurando nos quatro cantos do mundo semelhanças entre as pessoas ao meu redor. Talvez eu morresse com o mesmo sotaque, aprendesse uma unica segunda lingua e viajasse apenas para um lugar. Talvez as histórias que minhas avós contariam seriam suficientes para despertar em mim sonhos distantes e adormece-los exatamente nas narrativas cheias de saudades que elas me imprimiriam. Talvez eu fosse menos eu...ou talvez eu fosse mais...

A partir desta visão monotona, segura e comum eu seria e teria outro aspecto...talvez eu fosse mais gorda ou totalmente magra. Talvez eu tivesse meus cabelos loiros e minha pele fosse queimada de sol...eu poderia usar roupas da moda e ler todas as revistas feitas para mulheres e passar longas tardes discutindo com amigas antigas a melhor forma de agarrar seu homem. Ou pode ser que eu teria uma profissão comum e com ela passaria meus dias, talvez eu trabalhasse em algum orgão publico e viveria a segurança de um emprego que não falha.

Talvez até eu soubesse assar bolos para meus amigos nos fins de semana e fizesse longas festas de final de ano para reunir todos aqueles que como eu, tivessem historias em comum para relembrar e se despedir. Talvez eu até me assustasse com historias diferentes e finais que não fizessem parte do meu diariamente. Talvez eu nem olhasse para pessoas que tivessem realidades muito distintas...talvez eu teria medo.

Ai eu fiquei pensando...quão longe fiquei de toda esta mitica realidade. Quão distante é o comum dentro de mim e cada dia que passa o cotidiano passa a ser algo impalpável, distante e dificil de compreender. Eu não sei ser diariamente, comumente e nem obviamente. A mais de 20 anos atras estes adjetivos foram banidos de dentro dos meus dias e eu prossigo numa desconexa mas perfeita dança de viver...com todos os nuances de surpresa e mágica que qualquer um leria apenas em livros.

Talvez nem era para ser eu mesma aqui, mas estou. Pálida, de cabelos negros compridos, fugindo do sol qual vampiros de trillers de suspense e fazendo um zigzag em busca das minhas verdades. Eu sou tão exatamente como eu deveria ser que não consigo me imaginar de forma menos alternativa.

A falta do elemento comum me deixou tão a vontade dentro das variantes de vida que eu tenho e acho sinceramente que não saberia ser de outra forma...ou algumas outras formas eu ainda preciso aprender a ser pois fazem parte dos incontáveis finais felizes que desejamos na nossa vida...eu sei...sim eu sei que alguns cotidianos eu quero para mim...sim eu sei que busco um fim...e ao contrario de muitos andarilhos de vida, por nunca ter uma zona de conforto para largar os meus pequenos momentos e descansar talvez eu encontre meu genuíno fim feliz...sem mascaras, sem maiores expectativas frustradas e bem limpinho. Pronto para pegar e usar.

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