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A janela me absorve. A chuva, a falta de sentido e o proprio sentimento do vazio ocupa espaços que nao sabia pertencer-me.
Meu choro não sai, embora lá fora, finas e densas gotas me consolam, dando a impressão de minhas lagrimas esteriorizadas de alguma forma por fenomenos naturais que me agregam, mas nao partem de mim.
Da avenida tudo para, no céu confuso e enevoado nada desce e do outro lado do rio não há paisagem. Tudo tão diafáno, tão discreto, tão incontavelmente distinto entre as pequenas goticulas que poluem o azul do céu neste momento.
Lava ruas, transitos, almas, pensamentos. Ainda que a absorção seja exata, essa acepcia deixa vago, aberto, vazio. Tal qual era antes, embora a sujeira não permitisse ver.
E o que seria melhor então? Continuar na inerte tentativa de dizer a si mesmo, todos os dias, que o caminho é certo e a vitoria ja está prestes a honrar a historia dessa vida?
Não sei. Lampejos confundem a realidade transitoria com aquela inventada pelo sufoco, pelo limite, pela tristeza. E nessa desiderata de tarde tudo fica claro ao mesmo tempo que indecifrável.
E a conclusão não chega, o grito não sai e a lagrima pousa os olhos doentes do porvir. Não sigo mais distantes caminhos. Ouso apenas estar, do outro lado do vidro, olhando a chuva caindo, lentamente. Algum misto de emoção e frieza. Algum misto de juventude e senilidade. Algo de paz, hora de guerra.



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