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Sobre amor, paixão e gostar


Vou escrever antes de dormir. Quero falar de amor. Talvez não exatamente amor mas afeto. Do mais puro e genuíno que se pode sentir por alguém. Boolie que me de licença mas preciso falar de humanos nesse momento... mas talvez eu também fale de paixão.

Eu gosto. Aprendi a gostar despreocupadamente talvez a um ano, quando comecei a estudar Vedanta. Entendi finalmente que amor é liberdade. A gente não ama para ter mas para ser. Aprendi a gostar do sentimento e gostar do outro de forma empática. Foi libertador.

A uns meses atras eu rompi com alguém. Foi tranquilo, sem traumas ou tristezas. Apenas desconexão. quando me dei conta que não havia mais dialogo para ser criado sem que houvessem cobranças vãs, daquelas que a gente faz quando quer que o outro seja como nós planejamos, resolvi cessar e dar a distancia necessária para que cada um de nós seguíssemos nossas vidas.

É esquisito dizer isso mas eu o amo e amarei para sempre. De uma forma muito mais humanística do que romântica. Eu aprendi, no quase um ano de convivência, a gostar e respeitar tudo aquilo que não me era familiar ou distante do meu mundo. A gente se abriu um para o outro e quando tive a honra de entrar no mundo dele eu respeitei o que vi desde o começo e amei. Amei a forma de vida, ali presente que trocava comigo piadas, xadrez, vinhos e muitas fotos.

Por outro lado, eu também abri meu mundo para ele e o resultado foi lindo. Entendi que quando não se cobra, se aceita, observa e aprende, a conexão fica mais forte, o laço toma um nível totalmente diferente daquele tipo de relacionamento cheio de ansiedade pelo outro ser como projetamos e tudo passa a ser uma aventura doce.

Obvio que houveram vezes que cobrei pois sou humana e ansiosa mas percebi a carga desnecessária que colocava nas mãos dele e desfiz esse mal entendido. Não me lembro se fui cobrada mas eu percebia as inseguranças e respeitava. Respeitava o humano que se doava para mim naquele momento com a mesma gama de medos e fraquezas que eu tinha, querendo ter amor.

Não nos falamos mais, não temos nenhuma afinidade afetiva que possa nos juntar como casal novamente mas ficou disso tudo a lembrança feliz da parceria e do tempo passado juntos e a certeza de que seguiremos cada um a sua vida, de boas e sem karmas negativos.

Depois de tempos, eu gosto de novo. E parece que é bem maior o sentimento pois existem energias e uma conexão muito maior e mais abrangente que torna tudo perfeito e sagrado. Daqueles sentimentos que voce anda na pontinha dos pés, com delicadeza nos passos e vagareza para acompanhar e não acordar nada que precisa ficar adormecido.

Eu gosto tanto. E é tão mais evoluidamente verdadeiro que nem sei dimensionar o tamanho do sentimento. Existe uma paixão, o tesão que traz uma eletricidade quase incontrolável quando peles se tocam, a vontade da troca, o coração acelerado e aquela clássica bobeira que acomete os apaixonados, mas ainda assim eu amo o humano que se apresenta para mim todas as vezes que trocamos ideias, piadas, sonhos e gostos em comum e me abri para aceitar a pessoa que ele é.

Isso torna a distancia, que vai ficar maior ainda, possível pois eu levo dentro do coração todos os dias gerando boas energias em forma de bons pensamentos.

Não ser correspondida é triste? É. Sob vários aspectos é. Mas a energia dissipa se isso realmente acontecer. Hoje não posso afirmar, realistamente e nem intuitivamente que não sou correspondida. Acho que sou. Acho até que ele sequer imagina o tanto de afeto que tenho por ele e menos ainda como respeito cada historia que me conta e que não me conta mas segue represada machucando o coração.

E eu dentro das minhas limitações humanas mostro o afeto que sinto. Num sei se vedanta, e essa visão mais livre de egoísmos é entendida pelo outro como amor. Pois as pessoas estão acostumadas a serem cobradas e idealizadas pelas outras e talvez ele sequer imagine que o aceito como é.

Nunca fui boa em relacionamentos por toda essa gama de peso que colocava neles, dado todo o meu contexto afetivo de orfã abandonada e todo aquele blábláblá cansativo, chavão e real, mas depois desses aprendizados com Buda sobre impermanência e vendanta como lidar com as emoções acho que estou qualificando os sentimentos que nutro pelo outro.

Me sinto feliz por isso. Honrada pelas pessoas novas que entram na minha vida com valor positivo e leveza sutil e também pela forma como as percebo em mim. Eu gosto muito da forma como eu tenho gostado de alguém. Me sinto muito mais próxima de um relacionamento legal como nunca me senti antes. Eu posso e tenho condições psicológicas de estar com um cara sem cobranças imensas

Eu gosto. E nunca foi tão maravilhoso gostar. Carrego meu amor dentro do meu coração onde quer que eu vá. Admiro, respeito e tenho orgulho dele ser exatamente como é. Sim... eu gosto. Demais e além. Como se em outra vida já fossemos um casal e nos reencontramos nesta para seguir a história que não terminou.

Eu gosto. E agradeço aos antigos amores que me trouxeram insumos para crescer nesse sentimento e emoções para chegar aqui, a essa hora, olhar dentro do meu coração e vê-lo ali sorridente e pensar: Eu gosto. E me entrego a este gostar e deixo ele me levar aonde for. Simplesmente porque eu gosto. Talvez nunca fiquemos juntos como pede meu coração, mas mesmo assim eu gosto do que sinto hoje pois é verdadeiro e sincero. É a mais pura expressão de mim mesma para o outro.

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