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Ela acordou de repente. Chovia lá fora e as gotas pareciam ecoar dentro de seus pensamentos confusos e vazios. Já havia percebido onde estava. E sentia solidão.

Ao seu lado ele dormia. Como se tudo que acontecera não lhe incomodasse. Calada chora. Suas lagrimas são sufocadas pelo medo de ser descoberta e pela chuva batendo no telhado. Não se move. Não quer acorda-lo. A única coisa a pensar é que não queria estar ali. Vivendo aquilo tudo e matando dia a dia todos os seus sonhos.

Mais uma vez sua vontade de encontrar o seu caminho e o seu povo a levara a decepção. Agora, presa, não poderia e nem teria forças para retomar o caminho escolhido, desde o dia que deixou da grande torre, para trilhar.

Suas lágrimas não podiam ser contidas. Sentia a fria tristeza do fracaso, dos sonhos que não deram certo. Tinha a impressão que morreria ali e ninguém notaria. Sentia frio e dor. Sua cabeça
pesava e parecia estar entrando em um grande torpor que a impossibilitava de andar.

Ainda assim rastejou silenciosamente até a janela, pois sabia não poder mais controlar os soluços de desespero e dor que fluiam harmonicamente daquele coração. Era triste seu fim.

Quando olhou a chuva lá fora. Naquela noite escura, assustadora. Lembrou de sua infancia na torre. Trancada, aprendendo a respeito da vida com pessoas que pouco conheciam as coisas que falavam. A teoria que aprendera fora muito pouco utilizada até então. Desde que colocara os pés para fora da torre, percebera a diferença entre a sua imaginação sonhadora e a realidade que estava encontrando dia a dia e triste observou que daquilo tudo nao poderia se sair melhor do que ja conseguira.

Porque no fundo, sentia morrer a menina doce que esteve o tempo tdo dentro dela, dando espaço a uma velha feia e descrente de tudo. Era assim que se via agora. E um soluço mais descontrolado quase o acorda e ela se afasta para a penumbra. Mas ele se move e continua seu sono tranquilo e feliz.

Ela o observa de longe e nao entende o que sente. Vê, por minimas frações de segundos, todo o coração e sonhos dele e não o culpa pelas maldades. Sabe que ele não seria assim se pudesse ter escolhido seu destino. Era tão vitima quanto qualquer pessoa que havia conhecido
e sentido a dor. Por isso nao tem odio e o perdoa por tudo. E isso lhe trás, num instante milagroso, a sensivel impressão de velhos tempos. Sente-se forte novamente. Como na primeira vez que fugira da torre. Sorriu e pensou leve como a muito não fazia. Olhou a chuva fria lá fora. Dura, indiferente. Olhou novamente para dentro do quarto e sorriu. Desse sorriso sairam lágrimas e ela soube, a partir daquele momento, que se libertara novamente.

Sua mente estava pronta para buscar e as vozes antiga de sua infancia perdida, cantava coragem dentro dela.

Sem pensar pulou a janela. Correu tanto e essa corrida era de alegria e liberdade. A ingenuidade do momento fez a chuva aumentar emocionada pela vitória interior da menininha que nascia novamente. Ela voltava a ser do tamanho de seus sonhos. E seus sonhos...sem fim.

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