Havia uma certa penumbra no céu. O fato da tempestade estar próxima, varria a luz daquela casa e trazia o frio da noite para dentro dos cômodos. O vento assoviava algumas canções sombrias e nesta melodia ela dançava entre os papéis que voavam da mesa, quando a janela se abriu pela força da natureza. Ela não deveria estar ali, precisava voltar para sua casa, sua gente. E ao mesmo tempo que o tempo corria longe demais fazendo com que a urgência do retorno se fizesse cada vez mais clara, havia um temporal se armando lá fora que lhe trazia lembranças de angustias muito antigas. Fechou a janela e olhou o mar. A natureza estava realmente avassaladora naquela tarde. Tentou ser racional e para superar o medo lembrou que o carro estava com o tanque cheio na garagem, que ela sairia dali a favor do vento e em menos de 30 minutos estaria exatamente onde precisava estar. Organizou seus papéis, colocou dentro de uma pasta firme e depois dentro da bolsa. Correu ao banheiro e arrumou o cabelo...