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Anteontem eu perdi meu aparelho dentário...tudo bem que só faltava alguns dias para eu abdica-lo de vez e poder viver contente sem nada segurando meus dentes da arcada superior...sim, na inferior tem contenção permanente...mas foi tão horrível descobrir que perdi...para sempre...nunca mais irei ver um pequeno aparelho com meu primeiro nome gravado que segurava meus dentes...

...e foi perdido de uma maneira tão desonrosa: embrulhado em guardanapo de papel junto da bandeija do almoço...e certamente foi confundido com um lixinho mesmo...guardanapo sujo...

...durante um ano da minha vida ele estava sempre comigo...fiquei triste pela perda...e depois me achei esquisita lamentando perder um objeto que me apertava os dentes...mas ele me apertava para me corrigir.

E as vezes a vida faz destas coisas várias e inenarráveis vezes e a gente nem percebe  que se trata de correção...só sente o aperto que aquela parafernalha de situações nos submete.

É que ser apertado por um objeto estranho, no caso uma situação estranha que te impele a deslocar sua vida e seus objetivos é realmente invasivo. Se tudo pudesse ser explicado como quando vamos ao dentista e ele nos explana como será o tratamento ortodôntico: primeiro fixo, depois contenção móvel... acho que seria mais fácil...ou não?

É que a sensação de desconforto nunca facilita. A mudança que gera o deslocamento, que gera a dor, que gera o novo formato mais tarde...é invasivo mas necessário para colocar as coisas no lugar.

E engraçado né...quando tudo acaba e fica no lugar certo, encaixado, harmonico com a vida e o fluxo que ela deve seguir vem a sensação de ..."epa...será que falta algo?". Uma doente sensação saudosa do caos. Porquê temos criar tão facilmente zona de confortos? Até no caos? Por favor!

E agora o que vou colocar na boca para conter meus dentes? E aquele cotidiano diario de tira aparelho, poe aparelho, limpa aparelho, guarda aparelho...todas as implicações antigas ainda que difíceis não existem mais. Estamos livres daquele ajuste pois já está tudo em seu lugar.

E ai eu me pego pensando...porquê a gente insiste em ser tão pequeno...quando pode ser tão grande?

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