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Sou um absurdo. E como todo bom absurdo já quebrei a sandalia nova que ganhei. Aí fui levar no sapateiro, um tiozinho alegre e gritão que tem na frente do prédio que trabalho. Sei muitas coisas a respeito dele que nem imagina (seu alto volume de voz derivado do escesso de cola dentro do seu organismo não me permite ficar alheia). Que largou a mulher e filhos, que é torcedo do gremio, que tem uma tia que morre de amores por ele e vez ou outra aparece bebada declarando-se para ele. É...esse tiozinho viveu um monte.
E eu, mesmo sabendo disso tudo, resolvi ir até a lojinha, já haviam me dito que ele é um bom sapateiro.
Chego lá, para minha surpresa a primeira coisa que ele diz irreverentemente - Que bom que quebrou, voce já viu dono de funerária não querer que as pessoas morram? - Hahahaha...fiquei surpresa pela alegria do cara, olhou minha sandalinha nova, fez uns calculos e me passou valores e datas de entrega.
Achei engraçado. Reclamou do calor, da pobreza, da faltra de moral. Em menos de cinco minutos que fiquei por lá. Pessoa simples. Adjetivando belamente minha pequena coleção de pessoas. Muito rico esse meu dia. Depois de uma imensa carga de questões modernas mal resolvidas dentro de mim. Topei com essa figura. Um sapateiro me dizendo que um dono de funeraria quer mais é que todo mundo morra. Que bom seria. se somente os donos de funeraria desejassem a nossa morte.
Mas, quando tudo acaba. A gente encontra um mundo cheio de gente querendo eliminar as outras gentes. Pessoas que a gente acha que ama, acha que nos quer bem, acha que tem o melhor conselho, a melhor companhia...Como já disse sabiamente meu queridissimo Neruda "...A gente tem que entrar mais dentro da gente mesmo..." Feliz dia pessoas!

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